Ele é turismólogo, veio direto do Uruguai e mora no Recife
há dois anos.
O jovem Alvaro Gonzalez (29) assim que desembarcou em
Pernambuco, escutou um hit diferente, que lhe chamou a atenção: o brega. De
início resistiu ao ritmo devido ao forte apelo sexual, mas não demorou muito
para que ele se rendesse às batidas e ao romantismo das músicas. E foi sobre
essa curiosa paixão musical que o Blog SouBrega! bateu um papo bem legal com o
estrangeiro.
Defensor do brega, Alvaro não se incomoda com quem discute sua preferência musical
Alvaro estudou turismo na Universidad de La Republica,
Montevidéu. Em 2010, durante uma viagem de férias, conheceu pela primeria vez
Recife e, logo, se encantou pela pluralidade cultural da cidade, o que fez ele
retornar no ano seguinte, sendo que dessa vez, como diz o autêntico nordestino,
“de mala e cuia!”. Isso mesmo, o aventureiro decidiu “tentar a sorte” e veio
morar na capital pernambucana. Sem emprego e conhecendo pouco o lugar,
inicialmente dividiu apartamento com um amigo até começar a trabalhar em uma
empresa prestadora de serviços para o Consulado Americano, onde está por lá até
hoje.
Ele lembra que todos os dias quando ia trabalhar, enquanto
no ônibus, escutava umas músicas que lhe despertavam curiosidade por não ter em
seu país um estilo parecido que falasse tanto de sexo de maneira tão
natural. Ao perguntar aos colegas de trabalho, todos responderam que se tratava
do brega. Certo dia, ouviu uma melodia com letra diferenciada, era um duelo
entre uma loira e uma morena. Ainda curioso, questionou mais uma vez, foi quando ele descobriu a Musa do Calypso, que já era sensação por
onde tocava. Alvaro conta que pesquisou pela internet e, de imediato, adquiriu
uma cópia do DVD da banda, recentemente lançado. Daí por diante, começava uma
relação de respeito e admiração pelo ritmo pernambucano que, atualmente, domina
as paradas de sucesso das rádios.
Através da participação de Carlinha Alves cantando “Loira e
Morena” com a Priscila Senna, Alvaro conheceu a banda Kitara, outra de sua
preferência. Foi de tanto escutar e cantar as músicas em seu local de trabalho,
que ele foi apelidado de “O gringo do brega”. Seus amigos ainda confessaram durante a entrevista que não são apenas as letras que estão
na “ponta da língua” do gringo. De tanto assistir aos DVDs, ele aprendeu rapidinho a
dançar. “Não vou parar de cantar porque alguém que está ao meu lado não gosta”,
respondeu o uruguaio quando perguntado se isso não incomodava quem convive
diariamente com ele. “Muita gente não acredita que por eu ter vindo de fora do
país, que eu goste de brega”, completou.
No local do trabalho, os amigos admitem que o "gringo" é do brega
No Uruguai, um gênero muito parecido é a cumbia, que
inclusive passou por um processo semelhante ao brega, onde antes não era bem
aceito pela população e, hoje, se popularizou e é bem visto e escutado por
muitos. “Brega não tem que ser música agressiva, tem que ser apreciado por
todos”, defendeu Alvaro.
O fã só teve a
oportunidade de ir a dois shows da Musa do Calypso, mas confessa que esse ano
frequentará mais eventos com a sua banda predileta. Por falar em preferências,
o “gringo” faz questão de enfatizar que “Curva perigosa” é a música nº 1 de seu
playlist.
Nesse tempo que reside no Recife, ele ainda não teve a
oportunidade de voltar à sua terra, mas disse que quando alguns colegas uruguaios
vieram visitá-los aqui, fez questão de apresentá-los ao brega, assim como ele
fará ao retornar para o seu país de origem. “Levarei o brega comigo e mostrarei
aos meus familiares e amigos a beleza desse ritmo”, revela Gonzalez.
Pois é, desse
jeito, com o rompimento das fronteiras e aderindo admiradores em outros países
da América Latina, será que já está na hora das bandas pensarem em gravar músicas
com versões em espanhol? Se depender de Alvaro, a resposta é sim!
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